Vejamos 5 passos que considero críticos no caso em questão:
(1) Qual inspirômetro utilizar?
A volume ou a fluxo (se bem da verdade, a gente usa aquele que tiver no hospital)
(2) Qual a freqüência?
O dogma cabalístico da fisioterapia exige 10 repetições 3 vezes ao dia, mas quem te garante que o mais adequado não seriam 13,7 repetições 20 vezes ao dia?
(3) Os exercícios serão supervisionados por profissional da saúde (médico, enfermeira, técnica de enfermagem) ou pela acompanhante?
Isso é importante, visto que adolescentes raramente fazem aquilo que recomendamos, na frequência que recomendamos e da forma que recomendamos . . . e a coisa fica ainda pior se considerarmos um adolescente do sexo masculino infantilizado (ainda mais) pela internação.
(4) Como será realizado o exercício?
Deitado, sentado, de pé, de cabeça pra baixo, ou tanto faz?
(5) Qual será critério para interrupção deste exercício?
Ele precisa continuar fazendo inspirometria o resto da vida? Ou só menquanto estiver acamado? Isso é importante, pois o óbvio é uma coisa meio relativa.
Pois bem, agora que botei algumas minhocas na sua cabeça, vou apresentar uma compilação de recomendações e orientações quanto ao uso correto do inspirômetro de incentivo.
COMO UTILIZAR O INSPIRÔMETRO DE INCENTIVO
(1) Explique ao paciente (e /ou ao acompanhante) o que é o inspirômetro de incentivo.
A comunicação terapeuta paciente é fundamental em qualquer tratamento. Se estiver lidando com crianças, adolescentes ou pacientes adultos/idosos com déficit cognitivo, certifique-se que o acompanhante entenda o uso do equipamento, e a cada novo acompanhante, um novo treinamento se fará necessário.
Explique o que é e para que serve o inspirômetro de incentivo. Deixe-o examinar o equipamento, e se possível, treine a sua utilização com o paciente antes da cirurgia. Isto é importantíssimo, pois neste momento o paciente estará mais receptivo e principalmente: sem dor.
Explique ao paciente que o motivo da inspirometria é ajudar a encher plenamente os pulmões, alguns (muitos) pacientes acham que devem assoprar. Minha dica é dizer que eles precisam "puxar o ar, como se estivessem bebendo refrigerante no canudinho".
(2) Treine o uso do inspirômetro
A utilização correta exige a seguinte sequência:
Posicionamento do paciente
O ideal é que o paciente esteja sentado, com as pernas para fora do leito e os pés apoiados. Porém nem sempre isso é possível, assim, posicione-o o mais ereto possível e aos poucos tente progredir para a posição sentada.
Posicionamento do equipamento
O paciente deve segurar o equipamento na vertical, sem permitir inclinações, e na altura dos olhos para que possa visualizar os marcadores.
Respiração
1- Feche os lábios firmemente ao redor do bucal de forma a evitar passagem de ar.
2- Puxe o ar lenta e profudamente pela boca , sempre tenatando enxer os pulmões ao máximo. (Mostre ao paciente o que acontece com o pistão e/ou bolinhas e marcadores do inspirômetro quando ele puxa o ar)
3- Quando sentir que já enxeu o pulmão, prenda a respiração por 3-5 segundos, tire a boca do bucal e solte o ar lentamente.
Importante I: O paciente pode queixar-se de tontura, neste caso, permita-o respirar normalmente algumas vezes entre um exercísio e outro. Se você quiser, pode aproveitar e Solicitar ao paciente que tussa após algumas repetições.
Importante II: Se estiver utilizando um equipamento orientado a fluxo, não permita ao paciente fazer inspirações bruscas (pouco volume), pois levantar as três bolinhas em um único suspiro não é sinal de melhora. A expansão pulmonar vai acontecer com inspirações lentas que mantêm a(s) bolas bastante tempo elevadas.
(3) FREQUÊNCIA
O guideline da American Association of Respiratory Care cita que a literatura sugere que os pacientes realizem de 5-10 respirações com inspirômetro a cada hora em que estiver acordado. Este guideline é para prevenção de atelectasias. De fato, se o objetivo é preventivo, esta me parece uma frequência adequada. Caso o paciente esteja atelectasiado... bem, existem controvérsias a respeito e prefiro deixar para discutir este assunto em uma outra postagen.
(4) SUPERVISÃO
O Paciente não precisa ser supervisionado cada vez que for utilizar o inspirometro de incentivo, porém certifique-se de que o paciente entendeu bem e se é capaz de seguir as orientações corretamente.
Fonte http://fisioterapiahumberto.blogspot.com O guia do fisioterapeuta
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